domingo, 23 de agosto de 2009

A culpa não morre solteira! A culpa vive há muito em união de facto com a impunidade.

Sua Excelência anunciou que em Amarante iria ser construído um hospital por 40 milhões de Euros. Veio-me à memória que noutro lado li que um hospital privado com 100 camas foi construído há três anos e o custo foi de 100 milhões de euros. A menos que os 40 milhões de euros sejam a verba que se espera necessária para a tal derrapagem que habitualmente põe as coisas no sítio e o dinheiro fora do bolso desse labrêgo gigantesco chamado Estado, este hospital seria do tamanho de 40 camas. Pelo que eu entendi existe uma relação entre o número um milhão e o valor de uma cama de hospital. Hospital de 40 camas é hospital pequeno, será que vai ter maternidade? É que há pouco tempo esse atendimento passou para Vila Real que era onde diziam haver condições. Era uma questão de escala, imagino que se referiam ao volume do hospital e ao número de partos. Além disso as estradas agora são tão boas que rápidamente alguém digamos, de Resende se põe em Vila Real sem demora. Por isto talvez o hospital a construir em Amarante não tenha nada a ver com o que respeita a maternidade. Também é verdade que para haver hospitais é preciso que haja médicos, e aqui as pessoas que elegemos para exercerem a governação, têm escolhido não formar médicos. As vagas são poucas, o curso é longo e difícil, e quem governa prefere quando está doente ir tratar-se ao estrangeiro. Por outro lado os alunos que acabam por ter as melhores notas talvez não sejam os mais vocacionados pois há quem diga que a carreira está a ser tomada por quem tem mais necessidade de poder, prestígio e dinheiro do que por quem tem compaixão e dedicação ao doente e ao ofício. Isto não será fenómeno recente. Há dias apercebi-me que 3 médicos vieram defender a honra do Hospital de Santa Maria face a uma queixa pelo não atendimento a uma jovem vítima de violação. Esta jovem teve que esperar 12 horas para que o serviço abrisse e o funcionário médico da Medicina Legal picásse o ponto. É que no mês de Agosto o serviço não tem permanência nas 24 horas como é suposto ter nos outros meses do ano, e funciona com horário semelhante a uma Repartição. Um médico do Porto chamado Pinto da Costa disse curto e grôsso do alto das suas longas barbas brancas que qualquer Senhor médico para ter o seu Diploma de Curso terá de ter no mínimo 10 valores na cadeira de Medicina Legal (não sei se este é o correcto nome da disciplina) o que significa que estará habilitado a fazer o exame e a recolha pericial de vestígios da violação. Pelo que entendi não se trataria só da capacidade de recolher a amostra mas também da autoridade em o fazer que no resto do país fora das grandes cidades poderá ser feita por qualquer médico. Nas grandes cidades em Agosto o manipulador do grande títere chamado Estado esqueceu-se de autorizar o médico da urgência em se tornar no médico processualmente competente para Medicina Legal. Bastava só em Agosto e fora do horário da Repartição. Mas o que me espantou mais foi uma Senhora médica dizer que a jovem violada tinha recusado o auxílio psiquiatrico, o que foi uma pena pois o colega na urgência até era da especialidade. Numa altura em que se quer obrigar os cidadãos a andar de mascarilha para a gripe e a impôr a mascarilha sob pena de represália, não sei se esta demissão de auxílio tão solidário com a vontade do doente não terá agravado o dano dos agressores. Sim porque são pelo menos dois! O violador e o Senhor funcionário decisor, escudado nesse grande monstro de costas largas chamado Estado que manteve o Serviço de Medicina legal fechado. O Hospital de Santa Maria tem sido notícia pelas piores razões. No caso dos pacientes que foram cegados, faço votos para que a enfermidade seja temporária, não percebi até hoje porque é que os doentes foram submetidos numa vez a tratamento aos dois olhos. Porque é que os Senhores médicos não trataram primeiro um olho e só depois deste recuperado é que seria iniciado o tratamento do outro. O bom senso e a simples observação permite perceber que a redundância dos órgãos do nosso corpo foi resultado da evolução no sentido da preservação. Infelizmente o nosso País não está a evoluir no sentido da preservação. Os responsáveis nunca aparecem. Há coisas que parecem funcionar quanto pior melhor. Parece que o serviço público está em acelerada destruição excepto no que se refere à tributação dos que têm menor rendimento. Os privados atacam o Estado e o Serviço Público com o intuito de apanhar aquilo que chamam áreas de negócio, e aí está também a saúde. Acho bizarro que a porta voz do Grupo Bancário que detém o Hospital da Luz tenha dito na sua inauguração que não há negócio que renda mais que a saúde a não ser talvez o das armas. Sabido isto, como é espantoso que tão moderno e luxuoso hospital tenha de ter como cliente precisamente o abominável Estado através da ADSE. Dos grandes Grupos Financeiros saem com frequência quadros técnicos para os altos cargos governativos nomeadamente para Ministros. Essas pessoas parecem às vezes continuarem a trabalhar para a sua anterior entidade patronal em vez de trabalharem para o Estado e o bem comum. A falta de Lei que regule a incompatibilidade entre estes cargos num e noutro sector torna tudo obscuro e de aparência pouco honesta. Ao contrário do que costumam dizer eu acho que a culpa não morre solteira. A culpa há muito que vive em união de facto com a impunidade.

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