sexta-feira, 28 de maio de 2010

Beatriz Cunha, Inês Ferreira e Sandra Borges - Passiflora a inaugurar dia 2 de Junho, 20:45H na Malaposta em Odivelas.

Passiflora é o nome de um grupo de plantas em que se destaca o maracujá. Ao escolherem este nome para uma série de exposições com trabalhos seus, as autoras apelam à leitura sinónima de outro nome pelo qual o fruto é conhecido: fruto da paixão. Genéricamente a arte, mas este tipo de escultura em particular, necessitam de algum tipo de compulsividade semelhante à que a paixão induz no ser humano. Esta paixão produz um arrebatamento que leva as artistas enquanto criadoras a um estado de alheamento do seu próprio corpo. Tal concentração criadora poderá explicar as provações físicas por que passam e a forma como conseguem prosseguir, apesar da exigência que a execução da sua técnica impõe. Por outro lado este nome Passiflora, sugere o espanto pela exuberância da natureza, a frescura renovada de formas que sempre nos deslumbram e que Pêro Vaz de Caminha chegado à terra de muitas palmeiras, tão bem transmite. A sua carta após o achamento do Brasil é o relato mais fresco e vivo do fascínio perante a Criação. Fazendo parte dessa Criação, Pêro Vaz perante tanta novidade, mostra-nos com o seu olhar forasteiro um mundo alienígena. Um Novo Mundo. Este Novo Mundo é afinal o objectivo da arte. Ver novo, ver de novo. Ver diferente, ver diferentemente. Por isso as escultoras elegeram o emblemático símbolo da flor do maracujá para a abordagem sempre renovada que assumem no seu trabalho. A Malaposta como o nome indica era um dos pontos do circuito postal de recepção e expedição de correio. Era também local de assistência ao próprio serviço postal e aos passageiros que com ele partilhavam a carruagem. Havia a muda de cavalos com os ferreiros, ferradores, palafreneiros... e havia a estalagem com casa de pasto para os viajantes que pernoitavam ou apenas tomavam refeição antes de continuarem viagem. Hoje a Malaposta em Odivelas mesmo junto aos restos da muralha que faz agora duzentos anos foi construída para deter as tropas de Napoleão, está cingida pelas vias de comunicação modernas. O edificio de meados do séc. XIX que felizmente foi preservado, serviu de modelo a outros construídos na linha que levava a Mala Postal até Coimbra e outras cidades. Resta o modelo ainda que adaptado a novas funções, as outras estações de muda das diligências perderam-se. A Malaposta é hoje um centro cultural com sala de exposição onde se pode fruir além das artes plásticas, teatro, música, bailado, cinema etc.

1 comentário:

Zélia Guardiano disse...

Tudo encantador, Luis, nesta postagem.
Os esclerecimentos sobre o porquê do título da exposição; sobre o significado de Malaposta ...
Gostei muito!
Um grande abraço, meu amigo...