quarta-feira, 5 de maio de 2010

No Museu da Pedra de Cantanhede escultura sacra em calcário depois pintado.

No museu está patente, entre outras, uma exposição de escultura sacra em pedra policromada. Este costume de pintar as esculturas tem antecedentes muito antigos e já gregos e persas pintavam as suas esculturas com as cores mais garridas que os materiais da altura lhes permitiam; tal como aqui foram pintadas Santa Luzia e Santa Catarina. Ainda na pré-história a pintura do próprio corpo para protecção contra o sol, o frio, os insectos; ou para a dissimulação de odores e melhor mimetismo nas caçadas ou nas disputas tribais, talvez tenha desencadeado um processo simbólico de rito temporal que tenha sido estendido às pedras onde se desenhavam e gravavam imagens. Na pedra,essas imagens, com a coloração e a luz indicada criariam melhor a ilusão de serem animadas. As esculturas sacras que estão na exposição têm esta característica de parecerem ter vida. Também o menir da Póvoa de Midões, ao ser caiado segue na linha desta tradição pictórica e mágica de unção, de derrame, de passagem de fluido. O menir é baptizado de branco e as forças pagãs que o erigiram, que o ereccionaram, são controladas, domadas por um deus maior. Tal como a gárgula que por vezes retrata uma realidade povoada de animais fantásticos, demónios e pecadores que ali na pedra são cristalizados para servir e dar caminho apaziguado às águas mais catastróficas, dos céus mais medonhos e tenebrosos que na mercê de Deus assim eram confiadas às cisternas.

3 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Que encanto, Luis!
Você nos traz verdadeiros tesouros!
Não consigo ficar sem visitá-lo... Já faz parte da minha rotina.
Obrigada, amigo!

Um grande abraço

Constança Lucas disse...

calcário pintado é fabuloso

Lilazdavioleta disse...

Lindíssimas .