quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Nesse dia morria Cristovam Pavia

A taberna estava aberta, mas fria
e nas mesas de pedra vazia
o lioz enegrecia
sem escabeche, sem capilé, nem malvasia.

parecia segredar a carriça
aos tentilhões amortalhados
em gaiolas suspendidas

"Por mor do cantar se curam feridas".



Como eram belos os braços nus
Da mulher agreste encostada à ombreira
a fazer 35 anos
com o olhar de quem se despe

era aquela luz esmaecida
daquele patamar febril
que lhe dava uma sensualidade
bruxuleante que atordoava o dia

"-Ele não está, foi passear!"



No comboio de primeira se vai passear
No comboio de segunda se vai trabalhar

 


-Que maçada tantas horas...
-Cortaram a via! ...mais demoras.
-O comboio parado desoras...
-E logo neste dia...

Aconteceu a morte
De Cristovam Pavia