domingo, 20 de março de 2011

Estuans Interius Ira vehementis



Estuans interius
Ira vehementi
In amaritudine
Loquor mee menti:
Factus de materia,
Cinis elementi
Similis sum folio,
De quo ludunt venti.
Cum sit enim proprium
Viro sapienti
Supra petram ponere
Sedem fundamenti,
Stultus ego comparor
Fluvio labenti,
Sub eodem tramite
Nunquam permanenti.
Feror ego veluti
Sine nauta navis,
Ut per vias aeris
Vaga fertur avis;
Non me tenent vincula,
Non me tenet clavis,
Quero mihi similes
Et adiungor pravis.
Mihi cordis gravitas
Res videtur gravis;
Iocis est amabilis
Dulciorque favis;
Quicquid Venus imperat,
Labor est suavis,
Que nunquam in cordibus
Habitat ignavis.
Via lata gradior
More iuventutis
Inplicor et vitiis
Immemor virtutis,
Voluptatis avidus
Magis quam salutis,
Mortuus in anima
Curam gero cutis





Queimando por dentro
com veemente ira,
na amargura,
falei para min mesmo:
feito de matéria,
da cinza dos elementos,
sou com a folha
com quem brincam os ventos.
Se é este o caminho
do homem sábio,
construir sobre a pedra
as fundações da casa,
então sou um louco comparável
ao rio que corre,
eu que em seu curso
nunca se altera
Sou levado
como um navio sem piloto,
como através do ar
um pássaro a deriva;
nenhum vinculo me prende,
nenhuma chave me aprisiona,
busco meus semelhantes,
e me junto aos insensatos.
Meu coração pesado
é um fardo para mim;
o divertir-se é agradável
e mais doce que o favo de mel;
onde quer que Vênus impere,
o trabalho suave,
ela nunca habita
em corações indolentes
Meu caminho é amplo
como o quer minha juventude,
entrego-me aos meus vícios,
esquecido das virtudes,
mais ávido de volúpias
do que de salvação,
morta minh’alma
só minha pele me importa.



Carmina Burana - Carl Orff

1 comentário:

Zélia Guardiano disse...

Lindíssimo post, meu querido amigo Luis!
Demais!
Juventude....
Doce pássaro...
Abraço da
Zélia