terça-feira, 5 de julho de 2011

Da Alemanha como da Espanha...

Hoje em dia é ainda frequente que os filhos e os netos dos alemães que colocaram Hitler no poder dizerem em privado que os judeus eram más pessoas e que se lhes aconteceu o que aconteceu foi porque estavam mesmo a pedi-las.


O arrependimento a que foram sujeitos, e que tomou o nome de desnazificação, foi imposto de fora em vez de ter sido uma natural tomada de consciência de uma loucura colectiva.


Os vencedores da guerra esqueceram-se dos seus movimentos endógenos a favor da eugenia e da extinção das raças consideradas inferiores. Esqueceram o quanto a sua ideia era semelhante à dos Nazis. Afinal a eugenia libertava da vida os que não tinham direito a ela, acelerando um processo natural inevitável. A eugenia dava a morte a seres parasitas que pela lei do mais forte se extinguiriam de qualquer maneira sendo até por isso um acto piedoso. Esta corrente de pensamento internacional nascido no final do séc. XIX pretendia ter bases científicas fundamentadas pela teoria evolutiva das espécies para a afirmação da raça branca como raça superior. Teorizada a partir de ideias do cientista britânico Francis Galton, teve grandes adeptos nos EUA como por exemplo Theodore Roosevelt, H. G. Wells, George Bernard Shaw, Luther Burbank, a Fundação Rockefeller… O seu objectivo era limitar a proliferação dessas pragas constituídas por doentes mentais, homossexuais, judeus, deficientes físicos, eslavos, africanos, etc., por se reproduzirem mais rapidamente que o ser humano superior, branco, anglo-saxónico, nórdico e ariano.


Paradoxalmente a religião católica apostólica romana, proselitista e sempre desejosa de angariar almas, apenas estendia a sua protecção aos indígenas baptizados não distinguindo os animais dos povos ditos selvagens. A sua missão evangelizadora teve efeito prático, primeiro na pacificação da revolta desses povos quando se deu a grande ofensiva mundial do colonialismo e depois, na sua preparação para o trabalho serviçal de forma a este ser adequado a amos de uma cultura estranha à sua. Foi nesta altura do séc.XIX que os barcos com a máquina a vapor ganharam a força que os barcos à vela não tinham. É assim que a navegação fluvial pelos estuários, permite penetrar profundamente em territórios antes inacessíveis. Também os seus cascos metálicos e chatos conseguiam navegar rio acima até às mais pequenas profundidades. Com a ajuda do canhão sem recuo e da metralhadora nasceu a canhoneira. A canhoneira foi o barco que tornou possível o colonialismo: com propulsão autónoma, blindado e fortemente armado; é feito em tamanhos diversos consoante o tipo de caudal do rio que pretende subir e a hostilidade que pretende causar. O diálogo que antes a pangaia aconselhava foi trocado pela imposição da vontade de poder matar a distância com grande eficiência e em grande quantidade; foi o triunfo das Trevas.


A maneira como hoje os dirigentes Europeus e os povos desses países ditos ricos e desenvolvidos vêm tratando os Gregos, Portugueses, e outros, lembra-me a sobranceria germânica que conseguiu subsistir até hoje. Esse tipo de atitude terá razão de ser em povos que sempre tiveram a boca maior que o estômago e sempre sentiram falta daquilo que a outros pertence, mas não faz qualquer sentido quando se pretende afirmar que o poderio económico ou bélico que eles possuem e dizem possuir, são característica de uma superioridade civilizacional e por isso algo a que nos devemos submeter sem questionar. 


Infelizmente a história está cheia de exemplos em que quem triunfou não foi nem o mais evoluído, nem o mais justo, nem o mais douto.
Por isso há que desconfiar destes patrocínios que nos infantilizam através de expressões como: temos de nos portar bem... temos de cumprir... somos periféricos... somos pequenos... não há nada a fazer... ... ...

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