terça-feira, 20 de março de 2012

MÁSCARA

Fiz de mim o que não soube,

E o que podia fazer de mim não o fiz.
0 dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.



in "Tabacaria" Álvaro de Campos.

1 comentário:

Lilazdavioleta disse...

Todo este desenho está muito bom , mas as mãos estão óptimas