sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Priapos uma protecção contra os ladrões.





 Priapos filho de Afrodite e de Dionísos era um deus rústico da fertilidade na Antiga Ásia Menor; a região onde fica hoje a Turquia. A primeira menção a este deus aparece numa peça de teatro de Xenarchus no século IV anterior à nossa era. Nesse tempo a Ásia Menor era uma colónia que pertencia ao Império Grego. Existem várias lendas e narrativas de autores clássicos sobre Priapos de modo que não é claro se são variantes de uma mesma tradição ou se são tradições diversas que se aglutinaram.

Origináriamente Priapos como deus da fertilidade era patrono dos jardins, das hortas, das vinhas, das plantas com fruto, das abelhas e dos rebanhos. Desconheço porque era também protector de pescadores e marinheiros, mas sendo um deus apotropaico dos bebés e dos genitais masculinos, admito que os antigos viram nele um protector dos homens em aflição.

Este deus grego tornou-se muito popular entre os romanos e a crença na sua capacidade de afastar o mal expandiu a sua influência à própria casa. Acreditava-se que protegia a casa dos ladrões, da inveja e do mau-olhado.

Era pois normal haver figurinhas de Priapos espalhados pela casa e no seu exterior.

Julga-se que mesmo no nosso tempo existem reminiscências dessa velha tradição. Uma das imagens para a representação de Priapos talvez tenha estado na origem da forma das estatuetas dos duendes que ainda hoje se colocam nos jardins. 
Curiosamente a cor verde dos duendes é a cor natural do bronze oxidado e os barretes vermelhos que ornamentam as suas cabeças remetem para o costume romano de pintar Priapos com tinta vermelha de zarcão ou cinábrio.

A colocação de estatuetas no exterior, em locais de passagem, em caminhos e encruzilhadas talvez tenha levado a que houvesse uma associação de Priapos não só aos viajantes mas também à protecção territorial. À semelhança do que aconteceu com a protecção da casa a protecção de Priapos alargou-se às linhas de delimitação e de fronteira. Isto porém leva-me a pensar que Priapos terá dado nome a marcações da paisagem, territoriais ou não, que eram muito mais antigas; como é o caso dos menires.

Em fase mais tardia no território do Império Romano, Priapos passa a ser visto como um deus de tabernas e lupanares, mais associado à virilidade do que à fertilidade.

Hoje em dia de Priapo só ouvimos falar por causa de uma enfermidade que dá pelo nome de priapismo e que a medicina descreve como uma erecção longa e dolorosa.

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