quarta-feira, 12 de março de 2014

Canja de Galinha

Um político da actualidade gosta muito de repetir "Prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém".
De facto a prudência talvez não faça mal a ninguém, no máximo poderá é não fazer bem a alguém. Quanto aos caldos de galinha, independentes das virtudes cisteínicas que possam ter para engripados e parturientes em restabelecimento, os caldos de galinha são fatais.
São fatais para a galinha!

A canja como nós a fazemos parece que foi trazida do oriente: da Índia certamente e também da China. Numa e noutra origem, existem caldos, sopas, cujo nome tem proximidade fonética com a nossa palavra canja. Lá como cá, canja é um caldo de cebola e arroz longamente fervido. Na prática essa sopa de cebola e arroz tem as mesmas propriedades cisteínicas que o caldo de galinha.

Imagino que alguém mais abastado, um político abastado por exemplo, tenha querido enriquecer o gosto da sua canja adicionando-lhe galinha. Foi pelo menos o que fizeram a uma das iguarias mais caras do mundo,à sopa de ninhos de andorinha. Tal sopa parece que sabe a galinha pois a baba de andorinha que retiram dos ninhos é insípida e para lhe darem gosto juntam-lhe galinha que sempre é mais fácil de predar do que uma andorinha.
Também não me custa a acreditar que alguém modesto, por exemplo um serviçal de político abastado, que não dispusesse de galinha para comer, ao menos lhe aproveitásse o gosto reutilizando o caldo da cozedura da galinha na sua canja.
Parece fantasioso? Hoje  a carne de galinha é a mais barata graças aos impiedosos processos de produção animal industrial, mas eu ainda me lembro da minha avó ter galinhas para porem ovos, comerem insectos e estrumarem o mato do quinteiro. Galinha só se comia quando ficava velha mas tinha de haver festa ou alguém  ficar doente.

Por isso quando quiserem canja, em vez de caldo de galinha, comam a verdadeira já que canja de galinha é uma redundância que não aproveita a ninguém.

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