quinta-feira, 3 de setembro de 2015

"o fogo alto" de Joaquim Cardoso Dias

Joaquim Cardoso Dias é um poeta enorme. Fica aqui um poema breve escrito recentemente.
Joaquim Cardoso Dias chama a este tipo de poemas, poemas rápidos este poema é como um náufrago que sobreviveu e chegou a esta orla costeira.Nas palavras do poeta poemas como este tantas e tantas vezes acabam no lixo.  
A exigência que os artistas têm e neste caso particular os poetas têm quando olham o seu trabalho é do conhecimento geral . Basta lembrar o que Herberto Hélder foi fazendo com a sua obra publicada depurando sempre mais e mais, cortando, reescrevendo... É bem verdade que quem se dedique um pouco  a tentar escrever percebe o que Eugénio de Andrade queria dizer quando referia que por vezes andava uma semana para encontrar a palavra justa para poder terminar um verso de um poema. Os poetas são os mais severos críticos de si próprios. A sua sensibilidade se por um lado lhes dá o sentido do porvir, por outro lado traz-lhes o peso e o sofrimento de Sísifo. Ainda assim eles mais do que serem os que "Se vão da lei da Morte libertando" são os que da lei da Morte nos vão libertando. 
Por isto nada mais posso fazer do que expressar o Voto de que este poema possa prosseguir o seu caminho a par de muitos outros e chegar à publicação com tiragem alargada, assim também o deseje o poeta Joaquim Cardoso Dias.



























 o fogo alto

/a mesa suporta o peso de todos os gestos
 a barba por fazer o cotovelo do silêncio um prato de comida
 mas eu com as minhas pernas continuo a respirar/








                                                                                            Joaquim Cardoso Dias
                                                                                          in "facebook Setembro 2015"

















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