terça-feira, 29 de dezembro de 2020
domingo, 27 de dezembro de 2020
Republico aqui um texto já antigo de uma memória feliz da tenra idade. Tio Xosé Maria Alves Perez de S. Xosé de Ribarteme a quem chamavam o Tio Espanhol.
O Tio Xosé Maria Alves Perez de S. Xosé de Ribarteme (*) a quem chamavam o Tio Espanhol.
Chamavam-lhe o tio espanhol porque era casado com a tia Lucinda e porque tinha vindo de Espanha. Eu teria 3 ou 4 anos e esperava ansiosamente pelo tio espanhol, que aos Domingos entre a hora da primeira missa e a hora de almoço me vinha buscar para irmos passear até ao jardim. O tio espanhol falava de uma maneira estranha e nem sempre era fácil entender o que ele dizia. Lembro-me que não entendi para que serviam umas caixas metálicas com umas aberturas largas como as bocas escancaradas dos marcos de correio. Ele bem tentou. Amachucou a embalagem vazia do maço de cigarros até fazer uma bola e simulou a sua introdução na boca da caixa metálica. Depois para ser mais divertido, comigo às cavalitas afastou-se um passo e deu-me a mim a possibilidade de a lançar para a abertura. Depois de várias tentativas falhadas ele logo à primeira conseguiu acertar e adeus bolinha de papel. - Pronto, já não há! Disse ele pousando-me no chão. - Não, não! Não era para se perder a bolinha. Eu quero de novo a bolinha. Quero atirar outra vez a bolinha. - Impossível recuperar a bola. Lamentou o tio Xosé. Mas estava bem assim. Ali é que era o lugar dela. - Mas o lugar dela Porquê? Perguntava eu e aí vinha a tal dificuldade de compreender o tio Xosé. Sem que eu soubesse, o problema não se devia à maneira de falar do tio espanhol mas sim ao facto de no meu vocabulário a palavra lixo, não existir. Durante alguns anos, a maneira de falar do tio espanhol intrigou-me. Era misterioso... mas na sonoridade das suas palavras, havia lume e água derramada sobre tições rubros em brasa. Havia vento entre a folhagem de árvores altas. Havia o marulhar metálico de um regato passando através de seixos de pederneira. O tio espanhol veio da Galiza e nunca ouvi ninguém referir-se-lhe como galego. A palavra galego tinha ganho uma conotação não dignificante. Devido á falta de esperança que encerrava, o seu significado era mesmo pejorativo. Nesse tempo, galego, mouro de trabalho ou preto da casa africana, eram sinónimos de trabalho forçado. Trabalho árduo no esforço, trabalho excessivo na duração,trabalho rude nas condições em que era prestado, trabalho escravo na retribuição e na falta de esperança em melhores dias. O tio galego a que por voto esperançoso de bom augúrio chamavam tio espanhol trazia-me a liberdade todos os Domingos entre a hora da primeira missa e o almoço. Com ele, as correrias eram autorizadas. Podia arrancar o sufoco da gravata ou do laço do fatinho de domingo. Podia encharcar a camisa em suor. Podia mesmo por-lhe nódoas por deixar pingar o gelado ou entornar o capilé do copo demasiado amplo, para as minhas mãos pequenas. Podia enlamear os sapatos, tingir as calças de xadrez com o verde da relva que ía pisando a cada trambolhão. Com o tio Xosé da Galiza era permitido ser criança. Todos os Domingos antes da hora do almoço a minha mãe ameaçava bater-me pelo meu estado de desalinho geral, pela sujidade entranhada nas minhas mãos e unhas, por algum rasgão na preciosa roupa ou por alguma esfoladela ensanguentada nos meus joelhos. O tio Xosé da Galiza fazia-a prometer que não me bateria e em troca ela sentenciava como castigo, não me deixar sair no próximo Domingo. No entanto no Domingo seguinte bem cedinho, logo após a primeira missa o tio Xosé da Galiza lá estava pedindo por tudo à minha mãe para me deixar sair: - Deixa lá sair o menino!! - Não! Que ele porta-se mal e vem sempre todo sujo. - Quem disse que se portou mal? Ele porta-se bem, deixa-o sair! - Não tem roupa para vestir. A roupa de domingo tive de a lavar e arranjar. Como ficou com nódoas teve de ser de novo lavada e não enxugou! - Mas veste-lhe outra! - Não tem outra roupa. - Mas não é preciso nada especial! - Não?! Hoje é Domingo o que vão dizer, que a mãe é desleixada... - Deixa lá sair o menino que está fechado em casa toda a semana.(...) Eu acabava por saír. O tio Xosé da Galiza apesar da sua vida dífícil e extenuante tinha a bondade de no seu pouco tempo livre encontrar disponibilidadea para me dar a alegria da liberdade. Por isso até hoje sinto-me grato ao tio Xosé Maria Alves Perez, que veio da Galiza de San Xosé de Ribarteme.
(*) San Xosé de Ribarteme - Pontevedra.
sábado, 26 de dezembro de 2020
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Adio os dias.
Adio os dias.
Separadamente
vivo
decepando
instantes.
Não
sei da impossibilidade.
Quero
não sentir o fogo invisível
que
me queima a cabeça
como
o fogo de árvores antigas,
carbonizando
talhadas
numa
pira ritual,
lenta
e sufocante.
Na
minha cabeça febril
desenho
bem melhor
do
que a minha mão sabe.
Assim
é feita a vigília
e
é por ela que vou só
sabendo
nada
e
adiando os dias.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Se não vês o Mar nem a autoestrada para Vigo não arrisques comer peixe.
Pois toda a gente sabe que o peixe fresco vem de Paris tal como Orderalfabetix (Ordenalfabetix) o peixeiro do Astérix nos ensinou.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
sábado, 19 de dezembro de 2020
O Salão da SNBA 2020 e a minha participação. É uma obra de reciclagem de material, Chama-se "artista triangular".
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
Amanhã pelas 15:00h Abrirá o Salão dos Sócios na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa. Deixo aqui o catálogo de um outro Salão que aconteceu em 1989 o "II Salão de Artes Visuais DN Jovem" estive presente no primeiro que foi na Galeria do Diário de Notícias no Chiado, mas desse não encontro catálogo.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
domingo, 13 de dezembro de 2020
sábado, 12 de dezembro de 2020
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
A revolta do 1 de dezembro de 1640. Dizer isto assim é dizer de uma forma singela o que veio a custar 28 anos de guerra efectiva e mais uns quantos de guerra não reconhecida como tal. Guerra em várias frentes do território continental, insular e além-mar. Guerra de que ninguém fala, bem como dos propósitos de um ditador e dos seus sequazes que aqui ao lado, já no séc. XX após uma sanguinária guerra civil queriam invadir Portugal. Esse ditador que oprimiu por 40 anos várias nações torturando e escravizando os vencidos da guerra civil, também queria invadir Portugal desde o tempo de cadete. Aliás a invasão de Portugal foi a sua tese de fim de curso na academia militar que frequentou. Possívelmente ainda hoje a invasão de Portugal faz parte do ideário militar dessas academias.
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
domingo, 29 de novembro de 2020
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
terça-feira, 24 de novembro de 2020
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
A antologia poética organizada por Herberto Helder.
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
O Dia da Filosofia
Para comemorar o dia da Filosofia afirmo que:
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
pensar com a bota
Maria Helena Vieira da Silva contou que apreciava muito a música de Joseph Haydn e que a ouvia com frequência enquanto pintava.
Dedicada como era ao seu trabalho minucioso, gostava da música de Haydn por ser também ela o fruto de um trabalhador minucioso.
terça-feira, 17 de novembro de 2020
louco
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
domingo, 15 de novembro de 2020
sábado, 14 de novembro de 2020
Quando a dor de cabeça dura três dias.
Dura é a dor durante
a noite o sono e o sonho
Onda gigante cresce colossal
bate na orla da rocha
granula, corrói e dilacera
Martelo que repuxa e deforma
Nem resiliência nem elasticidade
Até à rotura.
Fecho os olhos. Vem a vertigem.
Vacilo, imóvel no torvelinho,
a agitação sacode o tonel
de líquido espesso
que centrifuga dentro
da minha cabeça, sem-fim
agarrada na engrenagem
que me impele vou
e vou contra a bigorna
estremeço e o sino vibra
ecoa por léguas.
A forquilha espeta-me nas narinas
o aroma cáustico
fosse antes o perfume fétido
e redondo de fossa nítrica
ou fedor sulfuroso de sulfatara
não este gume infernal
e sinestésico de luz, som e odor.
Um sofrimento total
prostração continuada
à beira do cego desespero
que dura há três dias.
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
Salavisa - Eduardo Salavisa . Recordo-o assim, afável e alegre. Apesar de ter 10 anos mais do que eu, era jovem e solar, bem disposto. Era ele o mais novo dos dois.
Fui, mas o tipo de desenho dos "Urban Sketchers" não é a razão que me motiva a desenhar. Desenho a partir do interior e não do exterior ainda que os tirantes que me impulsionam e sustêm sejam ancorados na realidade que percepciono e reflito.
Aqui num dia fresco de sol e de festa, na Feira do Livro de Lisboa autografando o seu livro:
"Diários de Viagem - desenhos do quotidiano, 35 autores contemporâneos" da Editora Quimera com o apoio da Fundação Gulbenkian e da Textype.