quarta-feira, 26 de abril de 2017

Hoje que passam 31 anos sobre o desastre de Chernobyl temos de falar de Fukushima. Mas também temos de ter a consciência que junto a nós temos Almaraz e a ganância, a avidez e a arrogância radioactiva do Estado Espanhol.

Não houve tempo ainda. Talvez não venha a haver tempo para se falar e editarem livros sobre Fukushima. O regime não é Soviético, é outro. O tempo não é de esperança, o tempo é outro, a inocência só se perde uma vez e isso aconteceu há 31 anos. 

Em tempos tentei explicar a um colega que pensava que numa central nuclear a energia era retirada directamente do átomo com o uso de processos do domínio da ficção científica. Disse-lhe que o funcionamento de uma central nuclear grosso modo era uma grande panela de pressão que produzia vapor. Recentemente ouvi uma investigadora da área referir-se ao aproveitamento da energia nuclear como "Uma chaleira de água a ferver que não lembraria ao Diabo". Aprendizes de feiticeiro que somos, iniciámos já um caminho sem retorno que levará à nossa perdição. Estaremos talvez já a viver a profecia bíblica do "fim dos tempos".

Em Fukushima hoje, como há 31 anos em Chernobyl, oculta-se a informação. Dissimula-se a verdade.
Em Chernobyl invocava-se a necessidade de não criar alarmismo, em Fukushima a receita é a mesma, mas a dimensão da tragédia é de dimensão apocalíptica. Em Fukushima as populações evacuadas estão a ser ameaçadas com a subtracção dos apoios até agora prestados e assim forçadas a regressarem às zonas contaminadas de onde fugiram. A perda de contaminantes na água de arrefecimento do material radioactivo que continua em fusão e em afundamento no solo continua para os níveis freáticos e para o mar, e apesar das notícias para o mundo dizerem que tudo está bem, continuamente sem solução, são armazenadas 400 toneladas por cada um dos três reactores que derreteram e se mantêm em fusão Todos os dias esta água é armazenada em tanques precários onde já são detectados vazamentos.

 

 
As previsões para a descontaminação dizem que o trabalho durará por 100 anos e que a tecnologia para recolher o material em fusão ainda não foi inventada. Possivelmente nunca o será, e a solução será encerrar o material radioactivo que permanentemente produz calor e funde a temperaturas que podem atingir os 5000 graus Celsius, dentro de sucessivas caixas de betão, como se de uma colossal Caixa de Pandora se tratásse.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Menina com livros; Menina Europa; Menina num jumento.




Não me lembro já porque fiz estes azulejos. Acontece por vezes recordar a imagem e não o motivo porque foi feita. Pelo traço sei que a imagem foi sendo pintada sem plano prévio o que é frequente.
















Costumo desenhar conforme o traço vai surgindo num processo quase automático. A única regra é não utilizar formulários ou cair em maneirismos o que se torna por vezes tão difícil que não se consegue evitar. Mas é o risco de quem desenha de memória.
É também um jogo cerebral em que a parte consciente, e a memória, mais conformistas aplicam soluções já antes utilizadas.











  






 Durante o processo achei engraçada a ideia de trocar os azulejos e uma cabeça poder ter outro corpo.

domingo, 23 de abril de 2017

O vento.

Claude Simon escreveu um livro extraordinário chamado "O Vento".


 

Conversas picantes.


Por vezes os azulejos não saem mal de todo. Neste azulejo avulso tinha a ideia de sugerir o ambiente de farsa vicentina em que um velhaco tenta seduzir uma mulher mais jovem com o seu palavreado bem temperado e saiu isto.



Nos azulejos por vezes parece que os traços e as cores andam a dar pancada umas nas outras.


A culpa deste teatro todo. Direi mesmo desta fantochada é da inabilidade do pintor de azulejos. Um troca tintas sem jeito oficinal ou talento artístico capaz, para coisa que se veja com agrado. 



sábado, 22 de abril de 2017

...e as coisas na pintura de azulejos podem correr mal. Correm mal até no azulejo de Dédalo.


As asas não aguentam, as articulações ganham a borrachite elástica dos desenhos animados e ele Dédalo, o único homem de barba lãzuda que não dá vontade de rir, o único digno em de toda a fornada, não deixa de parecer ridículo e desbotado. 
Não esquecer nunca que o manganês é para ser retinto e o azul cobalto é para ser ligeiro.



 

Pintar azulejos avulsos não é difícil mas:

Há dias que as cores não combinam e o desenho que o pincel faz também não.

 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Hipocampo azul de azulejo.

Ao menos os cavalos marinhos podem ser azuis. Profundamente azuis de tão transparentes. Abissalmente azuis de tão distantes. Estão em vias de extinção por causa dos seres humanos que os apanham como troféu. Ao menos que os desenhassem ou pintassem, mesmo que não fosse em azul; em azul de azulejo.




Azul quadradinho pequenino.

Além dos problemas de tonalidade quem pinta azulejos, nomeadamente estes quadradinhos de 14X14 ou 15X15 centímetros, sabe bem da dificuldade de arrumar uma figura em espaço tão exíguo. Como se já não bastasse o azul teimar em não ser terrestre ou celeste ou... ... ...

quinta-feira, 20 de abril de 2017

AZUL CELESTE / AZUL TERRESTRE / AZUL CELESTE

Voltei a pintar azulejos e quem pinta azulejos sabe que as intensidades de uma mesma tonalidade podem ser um problema. Eu ando com problemas de azul. O que é grave bem se vê.

Don't Leave Me This Way



A versão original de Harold Melvin & The Blue Note:


A versão de Thelma Houston que tornou a canção um sucesso:

A versão com um tempo mais rápido que dez anos depois foi interpretada pelos The Comunards: